Os artistas permeiam tempos e espaços compondo  um mosaico cultural brasileiro  

Em comum, eles têm as mais diversas formas de arte como instrumento para codificar e revelar os universos que os originaram, cercam e movem, criando uma identidade cultural brasileira formada pelos diversos brasis que compõem o país. Veja aqui o perfil de cada artista participante da mostra.

A TRANSÄLIEN

Desde 2015, Ana Giselle dá vida A TRANSÄLIEN, sua primeira grande criação – uma (id)entidade que utiliza máscaras como dispositivos de transmutação às infinitas faces, uma estratégia para driblar o domínio do inteligível em favor da liberdade de brilhar outras formas de presença. Transitando entre a utopia e o mistério, A TRANSÄLIEN é multiartista, produtora cultural, curadora, corpo-espetáculo, DJ, idealizadora da Coletividade MARSHA! e articuladora pelos direitos das pessoas Trans e Travestis no Brasil.

abigail Campos Leal

Transita entre filosofia e arte como forma de criar poéticas que contribuam materialmente para a destruição do mundo colonial, assim como para imaginar e criar formas radicalmente outras de habitar a Terra. Graduada em geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), possui mestrado em ética aplicada pela mesma academia. Faz doutorado em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), tendo como pesquisa A transição é uma fuga: as poéticas trans racializadas e o fim da ontologia.

É professora do curso de especialização em ciências humanas e pensamento decolonial pela PUC-SP. É, ainda, uma das organizadoras do Slam Marginália, uma competição de poesias feita por e para pessoas trans e dissidentes de gênero. Publicou sua primeira coletânea de poesias, escuiresendo: ontografias poéticas, pela editora O Sexo da Palavra, em 2020, e ex/orbitâncias: os caminhos da deserção de gênero, um conjunto de ensaios poéticos, em 2021, pela Glac Edições.

Aislan Pankararu

Artista visual autodidata, originário do povo Pankararu. Reside e trabalha em São Paulo, onde atua como médico e mantém seu ateliê. Seu trabalho nasceu da memória de suas origens e da necessidade de expressar sua ancestralidade. Por meio do desenho e da pintura, explora elementos da pintura corporal de seu povo para criar caminhos poéticos. Em 2020, abriu sua primeira individual, Abá Pukuá (Homem Céu), na comissão de Humanização do Hospital Universitário de Brasília (HUB), onde estudou.

Participou da Residência Kaaysá (para artistas e escritores na busca de desenvolver suas poéticas a partir do contato com a Mata Atlântica brasileira, suas comunidades e entorno), coordenada pelo curador Rodrigo Villela, em São Sebastião, SP. Em 2021, inaugurou a mostra Yeposanóng no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília. Produziu as ilustrações do 1º Festival de Filmes Indígenas do Brasil, no Institute of Contemporary Arts, em Londres. Em 2022, participou da coletiva Entre a estrela e a serpente, na Galeria Leme, em São Paulo. Seu trabalho está no acervo da Galeria Jaider Esbell de Arte Indígena Contemporânea, em Boa Vista, Roraima.

Amanda Melo da Mota

Nasceu em São Lourenço da Mata (PE), em 1978. Vive e trabalha entre Recife e São Paulo. Graduada em artes pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), atua entre a arte, cura, educação e ações sociais com objetos, ferramentas poético-terapêuticas, fotografias, desenhos e pinturas. Sua pesquisa se desenvolve nas relações entre paisagem, natureza e corpos femininos e racializados, gênero e encontros com grupos com dinâmicas capazes de integrarem práticas e de se desdobrarem em visualidades e vivências poéticas.

Em 2022 foi premiada no 11º Salão Nacional Victor Meirelles. Em 2021, participou da coletiva 4x1, na Galeria Marilia Razuk e Por um sopro de fúria e esperança, no Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia (MUBE), ambas em São Paulo. Em 2019, participou da exposição A NORDESTE, no Sesc 24 de maio e na 14ª Bienal de Curitiba. Em 2016, integrou coletiva no Getty Center, em Los Angeles. Em 2015, foi convidada do Itamaraty para residência em Nova Delhi. Em 2013, participou do 33º Panorama da Arte Brasileira e do 18º Festival Sesc Videobrasil. Em 2012, fez parte da mostra Novas Aquisições do MAM (Museu de Arte Moderna), no Rio de Janeiro, e em Metrô de Superfície, no Paço das Artes, São Paulo. Em 2011, participou do 32º Panorama da Arte Brasileira e da coletiva Os Primeiros Dez Anos no Instituto Tomie Ohtake. Em 2010, participou do programa expositivo do Centro Cultural São Paulo (CCSP). Em 2009, foi premiada no 47º Salão de Artes de Pernambuco. Em 2008, recebeu o prêmio do Bolsa Pampulha. Participou no Rumos Itaú Cultural Artes Visuais: Paradoxos Brasil 2005/2006.

Carmézia Emiliano

Começou a pintar em 1992 ao visitar uma exposição de pinturas e ser tocada profundamente pelo universo das cores. Na ocasião, a artista, que mora no estado de Roraima, reconheceu na pintura o canal ideal para perenizar o rico imaginário de sua etnia, o povo Macuxi. Desde então, ela expõe duas vezes por ano, no mínimo. Suas mostras extrapolam a região onde vive e o Brasil e começam a acontecer no exterior. O reconhecimento dos méritos de Carmézia é traduzido pelas premiações em salões nacionais, pela integração de seus quadros a importantes acervos públicos e privados e por uma crescente e qualificada fortuna crítica.

Coletivo Mato Grosso

Ruth Albernaz é artista-bióloga cabocla, vive em Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Vencedora do Prêmio Pipa Online (2021), tem pós-doutorado em Ensino na Amazônia pelo Instituto Federal Mato Grosso (IFMT), com pesquisa em cartografia de artistas da Amazônia Legal. É doutora em biodiversidade e biotecnologia na Amazônia junto ao povo Rikbaktsa (2016) e mestre em ciências ambientais com pesquisa etnoecológica no Pantanal de Mato Grosso. Autodidata em arte, sua pesquisa e sua produção artística são voltadas para as conexões entre ser humano/natureza, xamanismo, benzeções, cuidar, saberes ancestrais e conservação da sociobiodiversidade. Produz pinturas, objetos e instalações e realiza exposições, oficinas e curadorias. Desde 2014, vem realizando exposições individuais como Poética Pantaneira, um site specific de longa duração (SESC Pantanal, 2020); Bio (SESC Rondonópolis, 2019), Casa Cuidar (SESC MT, 2018), Patuá (SESC MT, 2016) e Voos Xamânicos (SESC MT, 2014). Expõe obras e organiza mostras coletivas desde 2000.

Paty Wolf nasceu em Cacoal (RO) e vive e trabalha em Cuiabá (MT). É artista geógrafa e mestre em geografia. Na busca de suas raízes afro-diaspóricas e na construção de sua negritude, procura apreender caminhos, conexões, pertencimentos, resistências, afetos, curas coletivas e o religar humanidade-natureza-ancestralidades. Suas obras transitam entre pintura, desenho, ilustração, cerâmica e literatura. Desde 2016, participa de exposições coletivas, com destaque para I Circuito Latino-Americano de Arte Contemporânea, na Casa de Cultura Mário Quintana, Porto Alegre (RS, 2021); 26º Salão Jovem Arte de Mato Grosso, Cuiabá (MT, 2021); Experimental, Galeria Sesc Arsenal (2018) e Natureza: Substantivo Feminino, no Museu de Arte de Mato Grosso (2016).

Téo de Miranda nasceu em São Paulo. Tem formação em comunicação social, é editor, fotógrafo, designer e pesquisador em estudos de cultura contemporânea, na Universidade Federal do Mato Grosso (ECCO-UFMT). Fundador e diretor da editora Sustentável, desde 2012 desenvolve produtos editoriais e de comunicação visual junto a professores e estudantes, ONGs, instituições de ensino, editoras universitárias, associações e cooperativas. Ligado a setores relacionados ao meio ambiente, educação e cultura, a fotografia, o design gráfico e os meios digitais permeiam sua produção no meio acadêmico e em sua atuação artística e profissional. Sua fotografia traz nuances de sua exploração visual do mundo, na contemplação da natureza, dos pequenos insetos, lagartos, pássaros, imersão em texturas, na documentação de culturas populares e povos tradicionais na contemporaneidade. Tem trabalhos publicados em livros das editoras Sustentável, Entrelinhas, Carlini & Caniato, Editora da UFMT, além da revista Piauí e o site/rede de notícias #colabora. Em 2015, fez uma exposição fotográfica individual, Yudjá: os donos do rio, no Museu de Arte Sacra de Cuiabá. É autor da série fotográfica Resistência indígena que compôs a obra Multimídia com a videoarte Câmera de Segurança, em coautoria com Naine Terena.

Coletivo Revolução Periférica

Trata-se de uma central de movimentos sociais construída para e pela periferia do Brasil. Se constitui como central por ter em sua base militantes de diversos outros movimentos como de moradia e de cultura. São militantes que já faziam e continuam atuando e ampliando a luta nesses segmentos, mas que com o RP estão dando um passo a mais para uma construção mais radical de ação direta e de organização de base.

Dalva de Barros

A artista tem uma trajetória artística que se inicia nos princípios da década de 60 e se estende até os dias atuais. Sua presença vai além do seu estado natal Mato Grosso e da sua Cuiabá retratada em desenhos e pinturas. Desde 1966, ano da sua primeira exposição individual –1ª Exposição dos Artistas Mato-Grossenses realizada por Aline Figueiredo em Campo Grande (MS) –, ela já mostrou seus trabalhos no Salão Nacional de Belas Artes (1968, RJ), Bienal Nacional 74, na Fundação Bienal (1974, SP),  36º Salão Paranaense (1979, Curitiba/PR), Brasil Cuiabá: pintura cabloca, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1981 – esta exposição foi vista no mesmo ano no MAM/SP e na Fundação Cultural do Distrito Federal –, Referências Pantaneiras na Pintura de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, no Solar Grandjean de Montigny (1988, RJ) e no Paço das Artes, em São Paulo, além de A Cor do Mato, na Galerie Alliance Française (1992, SP). De 1976 a 1980, Dalva orientou artistas iniciantes, a maioria de bairros periféricos de Cuiabá, no Ateliê Livre da Fundação Cultural, no centro da cidade, e, entre 1981 e 1996, no Ateliê Livre do Museu de Arte e de Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso. Ela iniciou artistas como Adir Sodré, Gervane de Paula, Benedito Nunes, Carlos Lopes, Alcides Pereira dos Santos, Regina Penna, Márcio Aurélio, Oswaldina Santos, Sebastião Silva, Nilson Pimenta, Jared Aguiar e Julio César.

davi de jesus do nascimento

Biografia em primeira pessoa: “Quando nasci alevim, em 1997, no fulgor norte-mineiro, banharam-me com o mesmo nome de meu pai, Davi de Jesus do Nascimento. Sou barranqueiro Curimatá, arrimo de muvuca e escritor fiado. Gerado às margens do Rio São Francisco – curso d’água de minha vida –, trabalho coletando afetos da ancestralidade ribeirinha e percebendo ‘quase-rios’, no árido. Fui criado dentro do emboloso da cumbuca de carranqueiros, pescadores e lavadeiras. O peso de carregar o rio nas costas, bebe da nascente dos primeiros sóis que chorei na vida. Sustentar na cacunda a carranca, tem feito eu sentir a força do vento de minha taboca envergada no seguimento da rabiola solta que desceu em espiral gongo caracol envoltório para o calcanhar direito como cobra, isca, peixe e pedra.”

Davi Pontes

Artista, coreógrafo e pesquisador. Formado em artes pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestrando no programa de pós-graduação em artes (Estudos Contemporâneos das Artes), da mesma instituição, estudou na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE/Porto, Portugal). A partir de uma pesquisa corporal, sua prática carrega o desafio de posicionar a coreografia e a racialidade para responderem às condições ontoepistemológicas do pensamento moderno. Têm como projeto principal analisar as conjunturas em que violência está sendo praticada no presente globalmente.

Desde 2016 tem apresentado o seu trabalho em galerias de arte e festivais nacionais e internacionais, como na University of Pennsylvania (EUA). Artista residente no ImPulsTanz 2022 [8:tension], também participou  da Young Choreographers’ Series (Áustria), Centro Cultural de Belém (Lisboa), Rua das Gaivotas 6 (Porto), Bienal Sesc de Dança, Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp), Les Urbaines festival (Suiça), Galeria Vermelho (SP), Valongo Festival Internacional da Imagem (SP), Programa Rumos Itaú Cultural 2021, Panorama Festival (RJ), 5° Mostra de Dança Itaú Cultural, Artfizz-HOA Galeria (EUA). Fez residência, ainda, no Programa Pivô Arte Pesquisa, no Programa de Residência Pesquisa em Artes MAM Rio e na Escola Livre de Artes – ELÃ, entre outras. Dirigiu o filme Delirar o racial, em parceria com o  artista Wallace Ferreira – obra comissionada pelo Programa Pivô Satélite, 2021.

Denilson Baniwa

Biografia em primeira pessoa: “Às vezes, o desafio não é ocupar posições. Por exemplo, quando as que existem não servem, é necessário criar algo. Denilson Baniwa é um artista indígena; é indígena e é artista, e seu ser indígena lhe leva a inventar um outro jeito de fazer arte, onde processos de imaginar e fazer são por força intervenções em uma dinâmica histórica (a história da colonização dos territórios indígenas que hoje conhecemos como Brasil) e interpelações a aqueles que o encontram a abraçar suas responsabilidades.”

Glicéria Tupinambá

Mais conhecida como Célia Tupinambá, ela é da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul do Estado da Bahia. Aos 39 anos, ela participa da vida política e religiosa dos Tupinambá, envolvendo-se em questões relacionadas à educação, organização produtiva da aldeia, serviços sociais e direitos das mulheres. Foi professora no Colégio Estadual Indígena Tupinambá Serra do Padeiro (CEITSP) e cursa a Licenciatura Intercultural Indígena no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA). Foi presidente da Associação dos Índios Tupinambá da Serra do Padeiro (AITSP). Atuou na Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) e foi membro da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI). Representa o seu povo junto à Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres).

Ela realizou, em 2015, o documentário Voz das mulheres indígenas (17min.) com depoimentos delas colhidos na Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas sobre suas trajetórias no movimento indígena. Em 2010, após uma audiência em Brasília, em que denunciou ações violentas da Polícia Federal contra seu povo, ela foi presa, com seu bebê, gerando críticas de entidades do Brasil e exterior. Desde então, é assistida pelo Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Grupo Ururay

Trata-se de um núcleo de pesquisa e de ação cultural formado por pesquisadores atuantes na preservação e na divulgação do patrimônio cultural da região leste da cidade de São Paulo. Surgido em 2014, o grupo tem como objetivos: desenvolver ações culturais direcionadas à preservação e à problematização dos patrimônios na região leste, articulando agentes sociais envolvidos, direta e indiretamente, no processo de preservação e uso dos patrimônios culturais. Em 2019, o Grupo Ururay recebeu do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, o Prêmio Murillo Marx, pelo conjunto de suas práticas culturais e educativas.

Gustavo Caboco

Artista visual Wapichana, trabalha na rede Paraná-Roraima e nos caminhos de retorno à terra. Sua produção com desenho-documento, pintura, texto, bordado, animação e performance propõe maneiras de refletir sobre os deslocamentos dos corpos indígenas, as retomadas de memória e a pesquisa autônoma em acervos museológicos para contribuir na luta indígena.

João Cândido da Silva

Nasceu em uma família de 18 irmãos, filhos de dona Maria, bordadeira, dona-de-casa e artista plástica. Diante das dificuldades, a família se mudou para São Paulo em busca de uma vida melhor. Os temas preferidos do artista são as festas e manifestações populares como o boi, a capoeira, o futebol, o carnaval e a folia de reis. Embora a pintura seja sua mais recorrente forma de expressão, o artista também é escultor. Trabalha com madeira, papel, arame recozido entre outros materiais. João Cândido da Silva é irmão da pintora primitivista Maria Auxiliadora (1935-1974), sobre quem o diretor do Museu de Arte de São Paulo (Masp) Pietro Maria Bardi publicou um livro, com textos de Max Fourny, diretor do Museu de Arte Naïf de l’Ile na França e Emanuel von Lauenstein Massarani, adido cultural do Brasil na Suíça. Em 1957, João Cândido e Carlos Alberto Caetano, o Carlão, fundaram a Escola de Samba Sociedade Esportiva Recreativa Beneficente Unidos do Parque Peruche. Em meados dos anos 60, com o músico, dramaturgo e poeta Solano Trindade, participou de eventos culturais realizados em Embu das Artes. Em 1978, ilustrou a capa do disco No Choro, de Dilermando Reis, lançado pela gravadora Continental. Em maio de 2004, teve uma obra inserida no projeto cenográfico da I Festa de São João do Nordeste realizada no Polo Cultural Grande Otelo, no Anhembi, em São Paulo. Também viajou com o seu trabalho para a França, com patrocínio do Institut de Science Politiques de Paris, organização que tem como objetivo divulgar o trabalho dos artistas brasileiros na França.

José Bezerra

Zé Bezerra é descendente dos índios guerreiros da etnia Funiô. Nasceu em 1952, em Buique-PE. Mora no sítio Igrejinha no Vale do Catimbaum. Em um sonho, o artista teve uma visão para recolher os troncos de umburana caídos na caatinga para transformá-los em arte. “Eu não crio nada, simplesmente dou vida àquele pedaço de pau que está pedindo para renascer", diz ele. Suas obras fazem parte de coleções privadas e de museus e estão expostas em países diversos. O artista utiliza como ferramentas um facão, um formão e às vezes um serrote. Antes de ser artista, ele foi caçador, lenhador e exerceu todas as atividades do homem do campo. Enfrentou muitas vezes a seca, passou fome e necessidade para sustentar sua esposa e os filhos. Hoje vive de sua arte.

Julia Debasse

Nascida no Rio de Janeiro, em 1985, Julia começou sua vida artística como compositora e cantora, posteriormente ingressando no universo das artes visuais. Ela sempre passou ao largo da academia, mas seu trabalho traz referências eruditas que são confrontadas com o popular. Esse choque gera representações singulares: a Ilíada, de Homero (VIII a.C) se ergue ao lado da letra de um funk, cartazes de filmes e trechos de textos de James Joyce (1882-1941). Em meio a essa cacofonia, se ergue uma pintura assertiva, debochada e afetuosa.

Juliana dos Santos

Artista visual e mestre em arte/educação e doutoranda em artes pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (UNESP), vem realizando exposições coletivas com trabalhos em instalação, vídeo, pintura, performance, fotografia e multimídia. Tem investigado a cor azul da flor Clitória Ternátea como possibilidade de uso como experiência sensível no processo de expansão dos sentidos. Sua pesquisa se dá na intersecção entre arte, história e educação, com interesse pela maneira como artistas negrxs se engajaram em práticas para lidar com os limites da representação.

Como artista residente, ela ministrou aulas no departamento de Pintura Contextual na Academia de Belas Artes de Viena, Áustria (2018). Artista selecionada no 31º Programa de Exposição do Centro Cultural São Paulo (CCSP, 2021) e na Temporada de Projetos do Paço das Artes (SP, 2019).  Participou da 12 edição da Bienal do Mercosul, sob curadoria de Fabiana Lopes e Andrea Giunta. Em 2021, passou a integrar o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo com a exposição Enciclopédia Negra, exibida no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo e no Centro Cultural São Paulo. Vem participando de exposições coletivas como Imagens que Não se Conformam, mostra do Museu de Arte do Rio, com curadoria de Paulo Kanuss e Marcelo Campos; 3ª edição de Frestas – Trienal de Artes do Sesc Sorocaba e O rio é uma serpente com curadoria de Beatriz Lemos, Diane Lima e Thiago de Paula.

Juliana Xucuru

Artista mestra em artes visuais pelo programa associado de pós-graduação em artes visuais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde também se licenciou em artes visuais na mesma especialidade. É pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Ensino de Artes Visuais (GPEAV), da UFPB, e do Projeto de Pesquisa em Ciência e Arte Indígena do Nordeste (CAIN/UFPE). Como pesquisadora convidada, atua no projeto Culturas Antirracistas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e na Universidade de Manchester.

Em sua produção artística trabalha com mulheres Xukuru sobre questões como a imposição de imagens com referenciais hegemônicos eurocêntricos impostos com a colonização sobre as terras indígenas. Em suas performances, grafismos, instalações ou pinturas, o cotidiano na aldeia é marcado pelas vivencias tradicionais de seu povo, entre memórias e histórias de vida semelhantes às de muitas mulheres indígenas. Junto a lideranças, professores e demais artistas de seu povo, tem buscado, a partir das artes visuais e da pesquisa, fortalecer o seu território e as diferentes causas indígenas de outros povos originários – sobretudo do Nordeste, divulgando os saberes dos Toypes e do contexto Limolaygo, terras Xukuru, localizada em Pesqueira (PE). Integra o coletivo Nacional de artistas racializadas, TROVOA. Em suas experiências artísticas, como investigadora e produtora cultural, compromete-se com o ativismo curatorial e crítica cultural a partir da virada decolonial.

Keila Sankofa

Nascida em Manaus (AM), a artista visual e cineasta compreende a rua como espaço de diálogo com a cidade, produzindo instalações audiovisuais que exibem filmes, fotos e videoartes. Ela faz uso da fotografia e do audiovisual como ferramenta para propor autoestima e questionar apagamentos de pessoas negras. Atualmente, utiliza seu corpo como protagonista na construção de suas obras. Reconhece o espaço urbano como encruzilhada de possibilidades, que proporciona um diálogo não hierárquico com o público. Indicada ao Prêmio Pipa 2021, gestora do Grupo Picolé da Massa, diretora artística do Projeto Direito à Memória – Outras Narrativas, também integra a Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) e Nacional Trovoa.

Lidia Lisbôa

Nascida em Guaíra (PR), em 1970, Lídia vive e trabalha em São Paulo. Sua prática artística tem como eixo fundante a autobiografia e os atravessamentos cotidianos, articulados, na atualidade, por meio do desenho, escultura, crochê e performance. Entre suas principais exposições individuais, destacam-se Acordelados, na Galeria Millan (SP, 2022) e Memórias do Afeto, no Centro Cultural Santo Amaro (SP, 2021). Integrou mostras coletivas como o 37º Panorama da Arte Brasileira – ​​ Sob as cinzas, brasa, no Museu de Arte Moderna (MAM/SP,2022), Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros, no Instituto Moreira Salles (SP, 2021); Esperança, no Museu de Arte Sacra (SP, 2021); Substância da terra: o sertão, exposta na Slag Gallery, New York (EUA), no Museu Nacional da República (DF, 2021); e na Bienal do Mercosul – Femininos: visualidades, ações e afetos (POA, 2020).

Linga Acácio

Artista e curadora cearense. Pesquisa, escreve e produz conhecimento entre a performance, interseccionalidade, desobediência anticolonial e virologia. Participa da SECUELA, escola de cuidados para artistas latino-americanos, realizado por Capacete, Lugar a Dudas e Teoretica.  Artista residente do programa de pesquisa em arte no Museu de Arte Moderna (MAM-RJ, 2021), também fez parte do Grupo de Crítica do Centro Cultural São Paulo (CCSP, 2020/2021). Desde 2012, atua como diretora de fotografia e participou em 25 filmes entre longas e curtas metragens.

Luana Vitra

Artista plástica formada pela Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), é dançarina e performer. Cresceu em Contagem (MG), cidade industrial que fez seu corpo experimentar o ferro e a fuligem. Gestada entre a marcenaria, profissão do pai, e a palavra, pelo lado da mãe, se movimenta em busca da sobrevivência e da cura das paisagens que habita. Entende o próprio corpo como armadilha, e sua ação como micropolítica na lida com a materialidade e espacialidade que seu trabalho evoca, confronta e confunde.

Roberto Magalhães

Nascido na Ilha do Governador (RJ, 1940), ainda criança, contribuía com ilustrações para o jornal da Ilha, que publicou A Barca da Cantareira, seu primeiro desenho a nanquim. Aos 14 anos, aluno do Colégio São Bento, publicava semanalmente no jornal do colégio caricaturas de alunos e professores. Aos 20 criava rótulos de garrafas e propagandas, capas de discos e livros, logomarcas e anúncios, desenhados à mão. Seus desenhos a nanquim de temática fantástica foram expostos na Galeria Macunaíma. De 1963 a 1965 tornou-se integrante do grupo de jovens pintores que fizeram a exposição Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ).

Com Antonio Dias, Carlos Vergara, Rubens Guerchman e outros, traçou uma nova linguagem visual para as artes plásticas no Brasil. Em meados de 1966, ganhou o prêmio de viagem ao exterior no XV Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Teve uma exposição individual de aquarelas no Museu de Arte Moderna, participou de coletivas e suas gravuras e desenhos começaram a ser vistas no exterior. Em 1967 fixou residência em Paris, graças a um prêmio recebido na IV Bienal de Paris. Em 1969, já no Brasil, passou a estudar Ocultismo e Teosofia e descobriu a meditação e a doutrina Budista. Interrompeu sua produção artística para ajudar a construir e administrar o Centro de Meditação da Sociedade Budista do Brasil. Passados quatro anos, retomou a pintura, que passou a refletir sua experiência mística, resultando em obras que ele denomina Arte Esotérica. Em 1975, expôs e lecionou no MAM/RJ.

Além das características esotéricas, seu trabalho mostra figuras humanas, cidades, animais e plantas em imagens fantásticas, com técnicas de lápis de cor, bico de pena, aquarela, nanquim, óleo, pastel, ecoline etc. Em 1992, o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro fez uma retrospectiva dos últimos 30 anos de seu trabalho. Em 2000, o Instituto Moreira Salles mostrou parte de seu acervo de desenhos em exposição itinerante. A partir dessa década, entrou na fase Atípicos, que ele vê como um renascimento após a maturidade.

Sara Lana

Artista e desenvolvedora brasileira de 34 anos. Nascida em Belo Horizonte, estudou matemática e engenharia elétrica na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Seus projetos se situam na confluência da arte com a tecnologia. Recorrem a suportes variados, valendo-se do som, da eletrônica e do vídeo, tendo a ilustração e a cartografia presentes em todo o processo de criação. Contemplada pela Akademie Solitude Fellowship (Alemanha, 2024) e pelo Bolsa Pampulha (Belo Horizonte, 2019), Sara também apresentou seus trabalhos e foi artista residente em espaços de fomento à arte e tecnologia no Brasil, Chile, México, Romênia e Suíça. Seus projetos são ferramentas de questionamento e reação ao alheamento de uma sociedade aprisionada ao monopólio do conhecimento tecnológico. Trabalha também em colaboração com espécies não-humanas e confia na intermediação de aparatos digitais para tornar tais relações mais equilibradas.

Abertura: 17 de novembro, a partir das 20h

Visitação: 18 de novembro a 2 de abril de 2023 Terça-feira a sábado, das 11h às 20h Domingos e feriados das 11h às 19h   

Curadoria: Júlia Rebouças, Luciara Ribeiro e Naine Terena de Jesus

Idealização e realização:
Itaú Cultural

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149 – próximo à estação de metrô Brigadeiro
Pisos 1, -1 e -2

Entrada: gratuita 

Informações: pelo telefone (11) 2168-1777 e WhatsApp (11) 9 6383 1663
De terça-feira a domingo, das 10h às 18h.
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br

Assessoria de imprensa:
Itaú Cultural - Conteúdo Comunicação 


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(11) 98860-9188
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mariana.zoboli@conteudonet.com  

Roberta Montanari
(11) 99967-3292
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Vinicius Magalhães
(11) 99295-7997
vinicius.magalhaes@conteudonet.com

Programa Rumos Itaú Cultural:
Carina Bordalo
(11) 98211 6595
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